O principal assessor de política externa do Brasil classificou na terça-feira o mandado de prisão emitido por Caracas para o líder da oposição venezuelana Edmundo Gonzalez como “muito preocupante” e disse que havia uma clara “escalada autoritária” no país.
Outros países das Américas, incluindo os Estados Unidos, Argentina e Peru, também condenaram a medida.
A Procuradoria-Geral da Venezuela disse na segunda-feira que um tribunal emitiu um mandado de prisão para Gonzalez, o ex-candidato presidencial da oposição, acusando-o de conspiração e outros crimes em meio a uma disputa sobre se ele ou o presidente Nicolás Maduro venceram as eleições de 28 de julho.
Celso Amorim, do Brasil, disse em entrevista à Reuters que se as autoridades venezuelanas levassem adiante a prisão de Gonzalez, “seria uma prisão política e não aceitamos (deveria haver) presos políticos”.
“Não há como negar que há uma escalada autoritária na Venezuela. Não sentimos abertura para o diálogo, há uma reação muito forte a qualquer comentário”, disse Amorim, acrescentando que o Brasil ainda mantém esperança de uma solução para a crise.
Washington também criticou o mandado, que se seguiu a semanas de comentários de funcionários do governo venezuelano de que Gonzalez e outros membros da oposição deveriam ir para a prisão.
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“Este é apenas mais um exemplo dos esforços do Sr. Maduro para manter o poder pela força e para se recusar a reconhecer que o Sr. Gonzalez obteve o maior número de votos no dia 28 de julho”, disse o porta-voz de segurança nacional da Casa Branca, John Kirby, aos repórteres.
“Estamos considerando uma série de opções para demonstrar ao Sr. Maduro e aos seus representantes que as suas ações na Venezuela terão consequências.”
Uma declaração é esperada de Gonzalez ainda nesta terça-feira. Seu advogado, José Vicente Haro, disse à Rádio W da Colômbia no início do dia que Gonzalez não planeja solicitar asilo político em outro país.
Autoridades do partido no poder, incluindo Maduro, acusaram a oposição de alimentar a violência, comandar grupos fascistas e trabalhar a mando de interesses imperialistas no exterior.
Foram lançadas investigações criminais à líder da oposição Maria Corina Machado e ao website de contagem de votos da oposição, enquanto várias figuras importantes da oposição foram detidas.
A autoridade eleitoral nacional da Venezuela e o seu tribunal superior afirmaram que Maduro foi o vencedor das eleições com pouco mais de metade dos votos, mas os números partilhados pela oposição mostram uma vitória retumbante da oposição.
O Brasil e outros países exigiram a publicação da contagem completa das votações.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu em Brasília e Steve Holland em Washington; texto de Luana Maria Benedito e Gabriel Araujo; edição de Rosalba O’Brien)