O Brasil está hospedando um cume do BRICS Bloco de economias em desenvolvimento domingo e segunda -feira, durante as quais os tópicos prementes como o ataque de Israel ao Irã, a crise humanitária em Gaza e as tarifas comerciais impostas pelo presidente dos EUA, Donald Trump, devem ser tratadas com cautela.
Analistas e diplomatas disseram que a falta de coesão em um BRICS aumentado, que dobrou de tamanho no ano passado, pode afetar sua capacidade de se tornar outro polo nos assuntos mundiais. Eles também vêem a agenda moderada da cúpula como uma tentativa dos países membros de manter o radar de Trump.
O presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, tem algumas de suas prioridades, como debates sobre inteligência artificial e mudança climática, frente e centro para as negociações com os principais líderes que não estão presentes.
Lula disse em seu discurso no domingo que “estamos testemunhando o colapso incomparável do multilateralismo” e que a reunião está ocorrendo “no cenário global mais adverso” das quatro vezes o Brasil o hospedou. Ele pediu que o grupo promova a paz e mediasse conflitos.
“Se a governança internacional não refletir a nova realidade multipolar do século XXI, cabe ao BRICS contribuir para sua reforma”, disse Lula na abertura da cúpula.
O presidente da China, Xi Jinping, não compareceu a uma cúpula do BRICS pela primeira vez desde que se tornou o líder de seu país em 2012. O presidente russo Vladimir Putin, que fará uma aparição por meio de videoconferência, continua a evitar viajar principalmente para o exterior devido a um mandado internacional de prisão emitido após a Rússia invadir a Ucrânia.
O presidente iraniano Masoud Pezeshkian e Abdel-Fattah El-Sissi, do Egito, também estão ausentes na reunião do Rio de Janeiro.
Três declarações conjuntas esperadas
A restrição esperada no Rio de Janeiro marca um afastamento da cúpula do ano passado, organizada pela Rússia em Kazan, quando o Kremlin procurou desenvolver alternativas aos sistemas de pagamento dominados pelos EUA, o que permitiria que ela se esquivasse das sanções ocidentais impostas após a invasão em grande escala da Rússia na Ucrânia em 2022 de fevereiro.
Uma fonte envolvida nas negociações disse a jornalistas na sexta -feira que alguns membros do grupo querem uma linguagem mais agressiva sobre a situação no ataque de Gaza e Israel ao Irã. A fonte falou sob a condição de anonimato, porque eles não estavam autorizados a falar sobre o assunto publicamente.

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“O Brasil quer manter o cume o mais técnico possível”, disse Oliver Stuenkel, professor do think tank e universidade da Fundação Getulio Vargas.
Consequentemente, os observadores esperam uma vaga declaração final em relação à guerra da Rússia na Ucrânia e conflitos no Oriente Médio.

Além de se adequar ao Brasil, uma declaração diluída e não controversa pode ser facilitada pelas ausências de Putin e Xi, disse Stuenkel. Esses dois países pressionaram por uma postura anti-ocidental mais forte, em oposição ao Brasil e à Índia que preferem o não alinhamento.
Um funcionário do governo brasileiro disse à Associated Press na quinta -feira que o grupo deve produzir três declarações conjuntas e uma declaração final, “todas as quais menos limitadas pelas atuais tensões geopolíticas”. O oficial falou sob condição de anonimato porque não estava autorizado a falar publicamente sobre os preparativos da cúpula.
João Alfredo Nyegray, professor internacional de negócios e geopolítica da Pontific Catholic University, em Paraná, disse que a cúpula poderia ter desempenhado um papel em mostrar uma alternativa a um mundo instável, mas não o fará.
“A retirada do presidente do Egito, Abdel Fattah al-Sisi, e a incerteza sobre o nível de representação para países como o Irã, a Arábia Saudita e os Emirados Árabes Unidos estão confirmando a dificuldade para o BRICS se estabelecer como um polo coesivo da liderança global”, disse Nyegray. “Este momento exige articulação de alto nível, mas estamos realmente vendo a dispersão”.
O Brasil, o país que preside o bloco, escolheu seis prioridades estratégicas para a cúpula: cooperação global em saúde; comércio, investimento e finanças; mudança climática; governança para inteligência artificial; fabricação de paz e segurança; e desenvolvimento institucional.
Ele decidiu se concentrar em questões menos controversas, como promover as relações comerciais entre membros e saúde global, depois que Trump retornou à Casa Branca, disse Ana Garcia, professora da Universidade Rural Federal do Rio de Janeiro.

“O Brasil quer a menor quantidade de dano possível e evitar chamar a atenção do governo Trump para evitar qualquer tipo de risco para a economia brasileira”, disse Garcia.
Enquanto o Brasil defendia no domingo a reforma das instituições globais lideradas por ocidentais, uma política da Cornerstone do grupo, o governo do país quer evitar se tornar alvo das tarifas-uma situação que até agora escapou amplamente escapou.
Trump ameaçou impor 100% de tarifas contra o bloco se eles fizerem algum movimento para minar o dólar.
‘Melhor oportunidade para países emergentes’
O BRICS foi fundado pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul, mas o grupo no ano passado se expandiu para incluir a Indonésia, Irã, Egito, Etiópia e Emirados Árabes Unidos.
Além de novos membros, o bloco possui 10 países de parceiros estratégicos, uma categoria criada na cúpula do ano passado que inclui Bielorrússia, Cuba e Vietnã.
Essa rápida expansão levou o Brasil a colocar questões de limpeza – denominado desenvolvimento institucional oficialmente – na agenda para integrar melhor novos membros e aumentar a coesão interna.
Apesar das ausências notáveis, a cúpula é importante para os participantes, especialmente no contexto de instabilidade provocada pelas guerras tarifárias de Trump, disse Bruce Scheidl, pesquisador do grupo de estudo do BRICS da Universidade de São Paulo.
“A cúpula oferece a melhor oportunidade para os países emergentes responderem, no sentido de buscar alternativas e diversificar suas parcerias econômicas”, disse Scheidl.
Para Lula, a cúpula é uma pausa bem -vinda de um cenário doméstico difícil, marcado por uma queda de popularidade e conflito com o Congresso.
A reunião também representa uma oportunidade de promover negociações e compromissos climáticos sobre como proteger o meio ambiente antes das negociações climáticas do COP 30 de novembro na cidade da Amazônia de Belém.